sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A arte da luta sem armas – A história do Karate


Haisai! ("oi"/"olá")
A matéria de hoje apareceu como uma luz na minha frente. Uns dias atrás eu estava pensando em qual seria minha próxima matéria, daí encontrei de repente - enquanto procurava alguma outra coisa - um livrinho chamado “Karate: a arte das mãos vazias”!
E não foi por acaso que ela se tornou a minha matéria de hoje. . .


Karate (Retirado deste site -> http://shineitaido.blogspot.com.br/2012_05_01_archive.html)

Nunca fiz aula de karate e nem sabia muito sobre.. e isso, na verdade, foi um grande incentivo para pensar “AGORA é a hora de aprender um pouco mais dessa arte!” e que eu sempre tive uma certa curiosidade, mas nunca havia me aprofundado na sua história.
Então após começar a ler algumas coisas e a entender um pouco melhor da história do karatê, tomo a liberdade de dizer que entender a origem do karate não se prende apenas em saber que o karate é uma arte marcial e que não se utiliza armas, mas que há um porquê para tudo isso. . .
Há acontecimentos importantes que influenciaram no seu surgimento e será sobre isso o meu post de hoje, na qual, não abordará nada de técnicas de luta, cores das faixas usadas pelos praticantes, entre outros, ou seja, nada além da própria história de sua criação. Para facilitar a compreensão da história do karatê é importante conhecer a história de Okinawa para entender o porquê não basta dizer apenas que ela provém de uma Ilha ao Sul do Japão, chamada Okinawa, pois é como se fosse ocultada a história inteira de um reino que já foi independente e que hoje, mesmo fazendo parte do Japão, se esforça para manter viva a sua cultura, as suas tradições, os seus ensinamentos, a sua arte etc e que em muito se diferencia do restante do Japão.
*Leia mais sobre Okinawa em:
"Okinawa e sua cultura" (pequeno resumo) e em "Batalha de Okinawa".
Acredito que o Karate seja um dos principais meios de divulgação da ilha de Okinawa para o mundo, pois, quem nunca assistiu ou que nunca ouviu falar do filme “Karate Kid” que atire a primeira pedra! haha


Cenas do filme "Karate Kid"

Nem é tanto da minha época - pelo que vi agora nos sites de busca ele é do ano de 1984! - Eu ainda nem sonhava em nascer, porém, o se sucesso atingiu a minha infância e adolescência de tanto passar na tal “sessão da tarde”, acho que perdendo apenas para o filme “A lagoa azul” em termos de reprise (!). Mas beeem depois disso, no ano de 2010 foi lançada uma nova versão com os atores Jackie Chan e Jaden Smith (filho do Will Smith). 


Enfim, com a ajuda do livro que encontrei vou - tentar - dar uma resumida sobre a história do karate.
As técnicas marciais chegaram à Okinawa antes do século XV.
Okinawa era o centro de diversas rotas comerciais e isto a transformou num ponto de encontro dos mais variados povos, culturas e inclusive, das artes marciais asiáticas.
Num artigo científico que encontrei intitulado como “Repensando a história do Karate contada no Brasil”, diz que a história do karate no Brasil foi distorcida pela mídia, pela tradição oral e pelo preconceito dos praticantes de outros estilos.
A origem histórica é necessária para se entender o karate” – é o que, em outras palavras, está escrito nesse artigo.
No reino de “Ryukyu” (como era conhecido antigamente o arquipélago de Okinawa) havia um sistema de castas sociais semelhante aos dos países como a Índia, China e Japão, na qual, existia uma separação entre nobres, o clero, os militares (“peichin”) e os camponeses (“heimin” – termo japonês para camponeses). Os “heimins” eram obrigados a pagar tributos que eram exigidos pela aristocracia, além de não terem nem o que comer. Infelizmente, não havia como evitar as questões climáticas, que por vezes, fazia com que perdessem toda ou boa parte da colheita. Acontecia então que muitos camponeses, após voltarem da lavoura depois de árduo trabalho, retornavam e encontravam suas casas incendiadas, com suas famílias mutiladas e empaladas como castigo governamental pela inadimplência. Diante disso, foi estimulado formas de se exercitar e se preparar para embates contra os “peichins” (militares) pelos “heimins” (camponeses).
Nesse período, o porte de armas era proibido pela população em geral, então os “heimins” passaram a criar dois sistemas de defesa pessoal, que foram denominadas de “Te” que eram técnicas bem rudimentares ao que hoje se conhece por Karate e por “Kobudô”.
Quando houve a apropriação das técnicas do “heimins” (camponeses) pelos “peichins” (militares), estes começaram a aprender também técnicas marciais chinesas a partir de intercâmbios com marinheiros e militares chineses e assim passaram a desenvolver a técnica do karatê.
As relações diplomáticas entre China e Okinawa eram bem grandes, assim como as trocas culturais também. Depois de um tempo, criou-se o sistema de graduação através das faixas coloridas que eram utilizadas na testa (“hachimaki”) e que atualmente são na cintura.

E foi assim, bem resumidamente, que surgiu o Karatê!
Mas... e como essa arte foi divulgada de Okinawa para o Japão?
Foi quando, numa viagem do príncipe Hirohito, uma das paradas era em Okinawa. Lá ocorreu uma recepção com diversas apresentações e dentre elas havia a de karatê, que causou ótimas impressões e que resultou em um convite para se apresentarem no Japão num evento promovido pelo Ministério da Educação do país.
Com o passar do tempo essa arte foi sendo disseminada pelo país e a partir daí, se iniciou a conquista do karatê pelo mundo afora!


E é isso minha gente :)
Fim do meu post de hoje!

Grande abraço e Feliz 2013!!!
*Agora abaixo já aviso que serão só as minhas divagações e agradecimentos e desejos de um Próspero Ano Novo!

Enquanto fazia esse post estava ouvindo uma cantora que se chama “Uema Ayano”. Vale a pena ouvir/ver e conhecer:
 http://www.youtube.com/watch?v=ZmEo_m38mCk


Se eu não postar algo antes do finalzinho do ano.. já adianto um Feliz Natal e um Feliz 2013 para cada um! Com muuuuuita saúde, muuuitas felicidades, muitos sonhos e objetivos e que cada um deles se concretizem!
Agradeço por esse ano que se passou.
Agradeço também por cada um que passou aqui pelo meu blog!
E eu tenho que dizer que “Nós sobrevivemos ao fim do mundo!!!” :D
Por isso, a vida continua!!

Esses dias assisti um vídeo* (vou postar aí abaixo) e que me fez pensar muito. Às vezes a gente acha que fazer boas ações só são válidas quando são grandes, mas não, pode partir de uma coisa tão pequena, mas tãaaao pequena e aos poucos pode se tornar algo tão grande.
Portanto, que o “fim do mundo” que não aconteceu sirva como pretexto para um novo recomeço, com muito mais amor, respeito e altruísmo! 

*Assistammm!
https://www.facebook.com/photo.php?v=10151175223229353

Referências:
Livro: 
* Karate - A arte das mãos vazias" de José Augusto Maciel Torres - São Paulo: Online, 2011.

Site:

* Repensando a história do Karate contada no Brasil. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbefe/v25n2/11.pdf>. Acess em 21/12/12


Beijos!

Karina Kaori

   

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Música: "Nada Sousou"

Olá!!

Hoje meu post é sobre uma música! Como já introduzi no título da matéria a música é:"Nada sousou". 
Muito conhecida pela versão da cantora Natsukawa Rimi, mas pelo que já ouvi dizer, a versão original é da banda Begin. (..fica a dúvida. Se alguém souber, diga para nós :D)
Como muitos conhecem a versão da Natsukawa Rimi e do Begin na versão japonesa, resolvi postar a versão do Begin em Uchinaguchi!


Para download dessa versão: clique aqui.



Abaixo a tradução da música:
Natsukawa Rimi - "Por sua falta"

Folheando álbum antigo
Disse "obrigado" em voz baixa
À pessoa que vive no meu coração
Para sempre me encorajar

Tanto no sol, quanto na chuva
Consigo lembrar daquele sorriso
Memórias estão remotas e desbotadas
Mas se eu procuro, seu vulto ressurge
Fazendo-me derramar lágrimas

Rezar à primeira estrela
Acabou se tornando meu hábito
Olho para o céu do entardecer
Procurando você, no meu coração todo

Tanto na tristeza, quanto na alegria
Costumo lembrar aquele sorriso
Vou vivendo com esperança de reencontrá-lo
Um dia, quando você me avistar do seu lugar

Tanto no sol, quanto na chuva
Consigo lembrar daquele sorriso
Memórias estão remotas e desbotadas

Mas ainda derramo lágrimas
Por sua falta
Derramo lágrimas
Por saudades de você

(do site http://letras.mus.br/rimi-natsukawa/666961/traducao.html)

Aproveito também  para colocar o "kunkunshi" (partitura de sanshin) de  Nada Sousou :D



Site "A arte de tocar Sasnhin"

Espero que tenham gostado dessa versão em uchinaguchi.
Abraços!

- Karina Kaori

domingo, 19 de agosto de 2012

Odori e Taiko de Okinawa no “Criança Esperança”

Boa tarde!

Hoje estou fazendo uma pequena matéria especial porque eu não poderia deixar esse acontecimento passar “batido”!
Imagem que ficou sendo divulgada no facebook alguns dias antes da apresentação


Para os que não sabem, ontem (sábado, 19 de agosto) no programa “Criança Esperança”, um dos temas apresentados foi sobre a Imigração Japonesa e lá se apresentaram grupos como “Kawasuji Seiryu Daiko” da cidade de Atibaia-SP, Grupo de "Odori" (dança tradicional), da Associação Okinawa Kenjin de Vila Carrão-SP e o Grupo de Taiko de Okinawa “Ryukyu Koku Matsuri Daiko(que infelizmente não colocaram a legenda com o nome do grupo como fizeram com os outros que se apresentaram...Para esclarecer então, não era apenas um grupo de taiko. Eram dois: Kawasuji Seiryu Daiko  - que foi o primeiro de taiko a entrar - e depois o Ryukyu Koku Matsuri Daiko - que entrou após. ).
A apresentação sobre a imigração foi logo após a do cantor Luan Santana e se iniciou ao som inconfundível do Sanshin

Logo depois o "odori" entrou, em seguida foi o "Kawasuji Seiryu Daiko" e por fim o "Matsuri Daiko".

Foi uma apresentação de curta duração, mas muito importante porque manter a cultura não é tão fácil quanto parece e ter a chance de se apresentar num programa de nível Nacional (e internacional, eu diria) também não!!

Parabéns a todos!!!

Confira abaixo o vídeo da apresentação no youtube:




Por fim, gostaria de informá-los que criei uma nova página especialmente para os eventos culturais que acontecem por aqui! Por enquanto só está postado sobre o "Okinawa Festival" que acontecerá nos dias 15 e 16/09. Confira mais detalhes na sessão "Agenda de eventos culturais".
Se quiser divulgar algum evento relacionado, me envie que postarei com todo prazer!

Um grande abraço! 

- Karina Kaori

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Nuchi du Takara

A vida é um tesouro” ou “a vida é o tesouro mais precioso” ou “não há tesouro mais precioso que a vida”. É isso o que mais ou menos esta expressão em Okinawa significa, sendo utilizado desde os tempos mais antigos por este povo. 

Poderia ser uma simples expressão por assim dizer, mas ela representa muito mais do que isso. .representa o estilo de vida, o pensamento, a filosofia de VIDA do povo proveniente desta ilha. 

No entanto, nem sempre também essa expressão foi motivo de alegria se lembrarmos de que foi nesse local em que ocorreu a Batalha de Okinawa (vide post sobre a Batalha de Okinawa). Como “a vida é um tesouro” se ela seria tirada como um simples boneco de um jogo? Mas não, não era um jogo, era a Segunda Guerra Mundial! Como dizer “a vida é um tesouro” se ir para a batalha seria como nunca mais voltar à própria vida? Como dizer que a vida era um tesouro se você sabia que iria perder as pessoas mais importantes da sua vida? Como seria dizer que a vida era um tesouro se você sabia que daria sua vida para lutar pelo seu país? Como a vida seria um tesouro se ela seria tirada de você ou das pessoas próximas de você tão facilmente? Como?
Eu não sei. . . Era um grande paradoxo. Mas se há uma prova de que esse ditado continua a ser passado em diante, é o fato de muitos ainda conhecê-lo!
E ele está presente no cotidiano destas pessoas, pois, não é a toa que são conhecidos por sua longevidade! Com hábitos que diretamente e indiretamente influenciam para isso! 

Aquele que dá valor à vida sabe os caminhos para mantê-lo por mais tempo!
É claro que há incidentes que podem fazer com que isso termine antes, mas não é por isso que deve ser deixado de lado o seu devido valor. 

Porém, quem vive no Brasil sabe que costumamos dar valor à vida só quando ela está por um fio. Exceções existem sempre, mas no geral é isso mesmo. Eu, como quase futura profissional da nutrição posso dizer isso, quem muda hábitos porque não são saudáveis?! A maioria sabe o que faz mal e o que não faz, mas mesmo assim, quem os evita? Você os evita? ;D
Enquanto seu corpo não dá sinais de que algo tá errado, você acha que está tudo bem e continua vivendo com os mesmos hábitos, não é mesmo?
Não que eu seja a pessoa mais saudável do mundo, estou longe disso. Muuuito longe até, eu acho haha! Mas não custa valorizar um pouco mais nossa vida e buscar os caminhos para melhorá-la ;D
Também não tem como para comparar os processos históricos daqui e os de lá e no quanto eles têm influência no que somos hoje, principalmente no quesito dar valor à vida, mas se estamos vivos aqui, agora, não deve ser mero acaso.
Já ouviram aquela frase de que "não existem coincidências, apenas o inevitável"? É frase de um mangá chamado XXXHolic que na verdade eu nunca li mas o conheci somente por essa frase e sempre me lembro dela quando acontecem coisas que não tem explicação, que só podia ser inevitável mesmo.
Bem, a vida existe aqui, lá e em todos os cantos do mundo (talvez fora dele também se você acredita que não estamos sós no universo!), mas a vida é a origem de quem somos! Talvez fosse inevitável termos nascido, inevitável estarmos aqui, inevitável ter perdido  ou ter encontrado algo ou alguém, inevitável ter. .  evitado, e tantas outras coisas :D

Enfim, se a vida é um tesouro. . é o tesouro mais precioso que existe, com certeza. 
Nuchi du Takara!!! 

Então...essa é a minha postagem depois de tanto tempo! Tentarei postar mais vezes aproveitando meu período de férias!
Obrigada!


*Para terminar a postagem por completo deixo para vocês a partitura de sanshin/kunkunshi da música Teinsagu nu hana (ou chinsagu no hana/tinsagu no hana) que continua sendo um clássico da música tradicional de Okinawa e demonstra o quanto a cultura de mantém e se fortalece com o passar do tempo :) ~ aliás, se alguém souber qual é a flor teinsagu me envia uma foto, onegai? Um amigo meu uma vez me perguntou e nunca tinha procurado, daí fui procurar e não achei. O que a gente achou que fosse era aquela flor Hibisco, mas não sei =/
(encontre mais partituras de sanshin em: A Arte de Tocar Sanshin)




Vídeo com a música:




Agora sim, para finalizar (finalizar mesmo) deixarei o link de dois vídeos . São bem diferentes um do outro, mas não sei. . fiquei com vontade de postar para vocês conhecerem caso ainda não conheçam ou simplesmente assistir de novo caso já tenham assistido :D. O primeiro vídeo é de uma música chamada "Dynamic Ryukyu", que é super bonitinha.




Esse outro é um clip da cantora Cocco com o Ryukyu Koku Matsuri Daiko, a música se chama Nirai Kanai, que por sinal, tem a frase "Nuchi du takara" mas não dá para escutar direito porque é a voz de fundo, mas se você ler a letra da música verá que tem mesmo :D

domingo, 29 de abril de 2012

O segredo da Longevidade

"Haisai" ("Olá") leitores! Como vocês estão?
A matéria de hoje é como o título já diz: LONGEVIDADE.
Okinawa é conhecida como a capital mundial da Longevidade (sim... MUNDIAL!), fato que é comprovado cientificamente.
O que há em Okinawa para ser esse grande destaque mudial em Longevidade? (Alimentação? Fatores Ambientais? Relação entre as pessoas?)

É isso que tentarei postar nessa matéria.

Maaas antes de começar a falar sobre tudo isso, peço desculpas pela não atualização frequente do blog! (Pedido sempre presente nas minhas postagens, infelizmente).  Mas também gostaria muuuito de agradecer à página de “EventosNikkeys” do facebook que divulgou meu blog em seu mural e que fez com que o número de visualizações em um dia fosse multiplicado por dez dentro do padrão normal de visualizações diárias. Arigatou!

Arigatou também a todos que deram “like” (curtir), aos que comentaram, aos que compartilharam o link, aos que vieram entrar em contato comigo depois, enfim, todos. Obrigada :D


Agora voltando ao foco da matéria, Okinawa é a região com o maior número de centenários do mundo. As pesquisas se concentram sobre a dieta, genética, habilidades psicológicas e cognitivas dos centenários.

Lá possui “Centro de Pesquisa de Okinawa para a Ciência da Longevidade” (ORCLS – “The Okinawa Research Center for LongevityScience”), em execução desde 1975, mas oficializada em 1997, pelo Dr. Makoto Suzuki, que é o diretor do Centro de Pesquisa, em Urasoe, Okinawa. É um trabalho em conjunto com diversas Faculdades e Institutos de Pesquisas que contribuem para esse estudo.
Segundo o Dr. Makoto Suzuki, em seu livro “The Okinawa Program”, revela que a genética responde por 1/3 dos fatores envolvidos a alta expectativa de vida. Dessa forma, antepassados que viveram por bastante tempo tendem a passar essa característica aos seus descendentes. Mas o principal fator é a dieta rica em vegetais, frutas, peixes, frutos do mar e a moderação.

Os idosos consomem 25% a menos de sal e açúcar, comem duas vezes mais peixes e três vezes mais vegetais quando comparado com o restante do país!
Também é a região na qual se consomem mais algas (atua contra os radicais livres – “prevenindo” o envelhecimento), além de muito tofu (rico em soja – que reduz a incidência de câncer de mama, próstata e doenças do coração).
Mas falou em comidas de Okinawa, tem que citar o “Goyaa”! (ou Goyá – também conhecido como pepino amargo ou pepino-de-são-caetano), que é um vegetal com um sabor único e amargo. Eu, particularmente, adoro (de verdade!), apesar de depender do modo de preparo (se é cozido ou salada) e do tempero. . mas no geral, eu gosto! Só que o índice de “rejeição” dele, pelo menos com as pessoas que convivo é bem maior do que da aprovação, isso com toda certeza! E muitos relacionam o gosto amargo do goyá com o do jiló. Mas vale a pena experimentar. Você vai adorar ou odiar. Mas tem que provar!
Vira e mexe aparecem em casa alguns goyás trazidos por parentes, conhecidos etc. que plantam, por isso, não sei se é fácil de encontrar em outras regiões do Brasil, mas acho que vem crescendo bastante o cultivo dele por aqui.

Ele é considerado um dos alimentos mais saudáveis (e retarda o envelhecimento das células), com propriedades que foram estudados em pesquisas sobre câncer, diabetes e sistema cardiovascular!

Goya - ou "pepino amargo"
Outro fator influente na longevidade de Okinawa é a forma como os idosos lidam com o estresse. Eles possuem fortes laços sociais e o espírito comunitário que permite e garante uma vivência diária positiva.
Outro dia li num artigo sobre o Okinawa que dizia assim: E quanto à força social e solidariedade que entrelaça a rede uchinanchu como uma grande família, poderia ser considerada uma resistência da dádiva ao sistema individualista e capitalista?” – Escrito por Yoko Kitahara Souza em: O espírito uchinanchu – identidade globalmente articulada”. É um artigo bem legal! Vale a pena conferir!
Me lembrei dele quando citei sobre esses “fortes laços sociais”. Achei muito interessante. . é algo que eu nunca tinha imaginado pensar, o comportamento social e coletivo do uchinanchu como uma resistência ao individualismo pregado pelo sistema capitalista.


Mas enfim, é o estilo de vida saudável somado a fatores sociais, biológicos, psicológicos e ambientais que contribuem para toda essa longevidade! Se for pela genética, descendentes de okinawanos, poderemos viver tantos anos também? haha
Eu acredito que não tanto quanto eles, pois, aos que vivem fora de Okinawa, as influências externas são diferentes, apesar do clima que é “parecido”, as relações entre as pessoas etc. Mas a nossa alimentação seria o maior desafio! Quanto de frutas, vegetais, peixes e algas comemos normalmente? Quanto de estilo de vida saudável temos? É de se pensar :)

Então assim termino minha matéria de hoje :D

Espero que tenha gostado!
Que tenha aprendido, assim como eu, um pouco mais dos segredos da longevidade uchinanchu!
Muito obrigada!
Até outro dia!


- Karina Kaori

Referências Bibliográficas:

terça-feira, 27 de março de 2012

TOCADORES DE SANSHIN

Bom dia!

Hoje vim fazer uma postagem nova, mas na verdade é mais um comunicado/pedido para  todos os tocadores de Sasnhin!


Não sei se todos sabem, mas eu tenho um site sobre sanshin - A arte de Tocar Sanshin - e nele estou reunindo Grupos e/ou Bandas de Sanshin do Brasil. Num tentativa de juntar todos (ou pelos menos, uma boa parte) para facilitar o acesso para quem quiser aprender e não sabe onde há aulas, para conhecer o grupo, para que todos tenham contato entre os grupos, entre outras coisas, porque acredito que todos temos os mesmos objetivos ao tocar o sanshin e devemos manter essa união! 



Ao enviar e-mails para algumas pessoas recebi sugestões de alguns que estão à procura de montar um grupo/banda. . mas não encontram pessoas para tocar junto. Assim, essa iniciativa, futuramente, seria uma forma também de uní-los e dessa forma, tentarem formar seus grupos/bandas.

Então, gostaria que todos que tiverem uma banda ou grupo me enviassem informações de local dos treinos, vídeos, links, o que for e que aqueles que buscam formar grupos ou bandas mas não encontram pessoas disponíveis que também entre em contato comigo x)
Pode ser pelo e-mail karina.kkm@gmail.com ou pela minha página no facebook ou como preferir.

Muuuito Obrigada!
Tenham um ótima semana!


Logo postarei uma postagem nova de verdade! :D
Abraços,



Karina Kaori

Imagens retiradas de:

http://www.jmarket.com/blog/index.php/2011/10/14/sanshin-okinawa/
http://muza-chan.net/japan/index.php/blog/sanshin-practice

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Batalha de Okinawa

Haisai leitores!
Lembro-me da primeira vez que li algo sobre a Batalha de Okinawa. Era num livro de História do Ensino Médio que eu estava usando para estudar sobre a Segunda Guerra Mundial. Não havia muita coisa, acho que apenas um parágrafo, mas a palavra “Okinawa” foi o suficiente para ter me chamado a atenção. Lembro-me também de quando minha mãe contou histórias em que o pai dela (meu avô) descreveu com era uma bomba explodindo, de como as pessoas tentavam escapar e de outras que haviam sido atingidas por elas, das pessoas que, enquanto estavam dentro de cavernas se escondendo do inimigo, tiveram que matar seus próprios bebês, pois, eles choravam e isso ecoava nas cavernas podendo ser ouvido por quem estivesse no lado de fora e, se descobrissem onde estavam todos seriam mortos.

Assisti a um documentário meses atrás e nele contava como eram essas cavernas e túneis e como aconteciam os ataques. Havia também relatos de sobreviventes, mostrando a visão que os okinawanos tinham sobre os americanos, a partir do que era dito pelos soldados japoneses e a após isso, a visão okinawana em relação aos próprios soldados japoneses, entre outras curiosidades. Vale a pena conferir. Há  coisas que só conhecendo a história mais profundamente para entender alguns porquês, alguns (muitos) resquícios daquele tempo que, de alguma forma, ainda existem nos dias atuais.
Link do documentário - Cidades Ocultas: Okinawa
Túnel
Sendo mais objetiva, a Batalha de Okinawa foi o último e mais sangrento embate aeronaval da Segunda Guerra Mundial. Estima-se mais de 240.000 mil mortos, sendo cerca de 150.000 okinawanos, 77.000 japoneses de outras províncias, 14.000 americanos e mais alguns soldados de outras nações.
Teve início no dia 1º de abril de 1945 e seu término em 21 de junho do mesmo ano.
Foi um confronto entre as duas grandes potências do período: Japão x EUA, na qual, para o Japão, proteger Okinawa nesse período significava obter tempo necessário para preparar as defesas de sua região mais metropolitana.
Okinawa, apesar dos seus 140 km de comprimento e 18 km de largura, sempre foi um ponto estratégico por sua localidade na qual permitia o comércio com diversos países do Oriente, principalmente entre Japão e China, o que não foi muito diferente na Segunda Guerra Mundial, no entanto, serviu como ponto estratégico de ambos os combatentes (Japão e EUA). De um lado, para ganhar tempo para preparar as defesas do Japão e de outro por sua localidade próxima ao Japão mais metropolitano serviu para que fossem instaladas as bases militares americanas após terem invadido-a (tais bases ainda existem nos dias de hoje).

Todo esse confronto deixou imensos rastros de destruição, tristeza, dor, sofrimento daqueles que foram, dos ficaram, dos que não voltaram, dos que voltaram e tiveram que conviver com suas difíceis lembranças, dos que tiveram que suportar a perda das pessoas mais importantes da sua vida,  dos que não tinham outra saída a não ser combater, de todos, não só do povo okinawano, claro, mas de TODOS os envolvidos na maior e mais devastadora das guerras, pois há quem diga que em guerras não há vencedores, assim como há quem diga que as guerras geram desenvolvimento.
Os dois pontos são válidos, só creio que não vale todo o sofrimento e cicatrizes que perdurarão pelo resto da vida de cada um dos envolvidos nessa grande guerra.



Após a invasão americana, Okinawa passou a ser dos EUA e só foi devolvido ao Japão nos anos de 1972.
Lembrando que Okinawa é a maior das Ilhas Ryukyu que já foi um reino independente até 1879. Devido a isso, muitos dos traços marcantes da cultura se diferem do restante de Japão, pois, como já disse acima, foi um grande intermediário comercial entre os países do Oriente, "acolhendo" assim diversos povos.

A cultura de Okinawa baseia-se na busca constante pela paz diante dos acontecimentos que marcaram sua história como também no grande respeito aos antepassados, na alegria, na união, na hospitalidade, solidariedade, nos laços que unem as pessoas independente terem sua origem ligada diretamente à Okinawa ou não.

No ano de 1983 foi construído o Museu da Paz Himeyuri com o intuito de mostrar às novas gerações a realidade da guerra para que o sentimento de paz continuasse a ser transmitido. Há também o Museu da Paz da província de Okinawa construído com o objetivo de Expressar condolências para todas as pessoas que perderam a vida na Segunda Grande Guerra Mundial, transmitir às gerações seguintes sobre a miséria da guerra e suas lições e contribuir para a realização da paz eterna no mundo” (artigo 1 sobre a instalação e manutenção do Museu da Paz da província de Okinawa e da Pedra fundamental da Paz).

Enfim, há muitas coisas a se falar da Batalha de Okinawa, muitos detalhes, muitas histórias, mas, o que eu tentei e consegui mostrar foi só um pouco.

Para finalizar a matéria, deixo aqui uma música que diz um pouco sobre a guerra. Muitos  a conhecem. . e que por sinal, já postei em meu blog na matéria sobre a banda HY.


Obrigada por aqueles que acompanham meu site, por aqueles que caem de pára-quedas nele procurando alguma coisa (espero que encontre!), por aqueles que buscam conhecer um pouco mais das suas origens, por aqueles que gostam e se interessam. . arigatou! :)


Um grande abraço,
- Karina Kaori


Tradução de Toki wo Koe - Além do Tempo (do site de letras de músicas)
Me contaram uma história do passado
Quando não era permitido apaixonar-se livremente
A avó se casou com os olhos cheios de lágrimas
Sem poder sequer despedir-se daquela pessoa

Me contaram uma história do passado
Quando o pó de fogo caía como chuva
A avó, de qualquer forma, correu
Preocupada pela vida daquela pessoa.
Sua cintura curvada, suas pernas finas, são provas de que a avó viveu
Esse sorriso, essas palavras... Existem coisas que nunca mudam...

Essas batidas que você sente, grave-as bem em seu coração
Esta vida te liga com o passado distante: viva cuidando-a bem

Me contaram uma história do passado
Quando se trabalhava desde os quatorze
Em completa solidão, longe da família
Sem poder derramar lágrimas, para sobreviver
Escutei meu avô contar as histórias daquela época
Pude sentir que até mesmo seu rosto enrugado me deixava orgulhoso

Ao ver essas quentes lágrimas caindo de seu rosto, pensei
Que devo transmitir a alguém. Nós devemos transmitir

"A família vem em primeiro lugar" diziam as pessoas daquele tempo
"A vida é o tesouro mais valioso" não devemos nos esquecer disso
Hoje também outra lembrança se vai
É por isso que nós lhe deixamos esta canção, para que chegue até você

Me contaram uma história do passado. Junto do sorriso da avó
E as lágrimas brilhantes do avô, encontrei um tesouro único.

- Fontes bibliográficas:

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Churaumi Aquarium


Querido leitor,
A minha pequena postagem de hoje será sobre nada mais nada menos do que o 2º maior aquário do mundo, o “Churaumi Aquarium”, localizado em Okinawa!
Seu nome deriva do “uchinaguchi” (dialeto de Okinawa), na qual, “chura” significa “bonito” e umi”, “mar”.
Localiza-se mais especificamente no “Ocean Expo Park”, possuindo uma área de visualização de 8,2 m de altura, 22.5 m de largura e 60 cm de espessura de acrílico.


Abriga em torno de 21 mil animais aquáticos, com 470 peixes diferentes e o mais incrível: baleias que chegam a 7 metros! (sim, 7 metros!).
Se algum dia você for para Okinawa deve valer muito a pena conferir. Não é sempre que se tem a chance de encontrar o 2º maior aquário do mundo!

Logo abaixo, um vídeo do Churaumi Aquarium:

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Documentário do BEGIN no Brasil transmitida no Japão

Como muitos sabem, a Banda BEGIN veio pela primeira vez ao Brasill em novembro de 2011 para realizar um documentário sobre a comunidade Okinawana no Brasil e para alegria de todos os fãs, tocar para nós!
Esse documentário foi transmitido pela TV BS ASAHI JAPAN e está no youtube para quem quiser conferir.

Está dividido em 7 partes e conta como foi a passagem deles por aqui.

Eu assisti e garanto que vale a pena. Não há legenda em português, mas não perca a oportunidade, caso não saiba japonês: junte sua família e peça para alguém ir traduzindo :)



Fiquei emocionada em várias partes do documentário porque é tão bonito ver que apesar da distância, da história de cada família, das dificuldades enfrentadas, ainda há o que Okinawa possui de melhor: união, alegria e... Ichariba Choodee! ("Encontrando-se pela primeira vez, tornamo-nos como irmãos" - Ditado símbolo de Okinawa).
É como se todos se conhecessem sem nunca terem se visto. É difícil explicar algo do tipo, acho que é porque estar em São Paulo ou em Campo Grande, Brasil ou Okinawa, as tradições das famílias okinawanas continuam sendo as mesmas, o sentimento compartilhado é basicamente o mesmo e isso faz com que ver um vídeo de um kaikan pareça como se você conhecesse tudo aquilo mesmo sem nunca ter estado lá, ou estar no show do Begin e se "sentir em casa". É meio difícil de se sentir em casa quando o Begin está realmente na sua frente, mas é algo como sentir-se bem, sentir uma energia diferente. Ver aquela multidão de pessoas de vários cantos do Brasil que contribuem para que a cultura de okinawa nunca acabe. . .é uma prova de que Okinawa ainda está em muitos de nós!
Fiquei com uma vontade imensa de estar lá novamente :D

Uma das partes do documentário que me emocionei bastante foi quando eles foram visitar uma família que estava toda reunida, com mesa farta de comida e havia uma obasan que não escutava muito bem e o Eishou Higa (vocal do Begin) cantou bem pertinho do seu ouvido a música Teinsagu no Hana, que é um clássico da música de Okinawa. Uma música que todo ojisan, obasan conhece e muitos pais e jovens também! E me pergunto: há quantos décadas atrás essa música foi escrita?

Mostrou bastante o sanshin também que é um grande símbolo daquilo que preservamos até os dias de hoje, mostrando a passagem do sanshin pelas gerações e o quê e como um instrumento pode trazer consigo lembranças de pessoas e momentos. 

Como o sanshin que veio junto ao navio Kasato Maru, que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, no ano de 1908, por Ihachi Miyashiro. Um sanshin centenário ou melhor, mais do que centenário. E ainda muito bem preservado!

Minha mãe me contava que meu avô gostava muito de cantar as músicas de Okinawa, principalmente quando sentia muitas saudades de lá. E ela se perguntava como deveria ser vim de lá para cá sem falar nenhuma palavra em português e começar uma vida nova em terras desconhecidas e num país com uma cultura totalmente diferente.
É uma questão que eu também não sei responder...

Assistam todo o documentário! Vale a pena mesmo.
:)

~* Para os curiosos como eu:
Achei uma coisa por acaso hoje quando digitei ichariba choodee no google. Em um dos resultados apareceu um desenho chamado Stitch, acho que alguns conhecem (eu assistia o desenho dele alguns anos atrás...mas era o da Disney). Daí tem um episódio com o nome "Ichariba Choodee"! A música de abertura é do BEGIN e conta um pouco sobre essa expressão. Na hora eu fiquei curiosa e assisti! Mostra várias coisinhas de Okinawa! 

Está dividido em três partes.

É isso!
Hoje é sexta, por isso, tenham uma ótima sexta e um final de semana ainda melhor!!!

Arigatooou :)

- Karina Kaori

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Símbolos de Okinawa

Olá leitor! 
A matéria que preparei dessa vez foge um pouco das postagens que estou acostumada a fazer, mas é algo que eu sempre tive interesse, porém, pouco sabia do assunto. Então resolvi me aprofundar um pouquinho mais e compartilhar isso com vocês.
Bandeira de Okinawa

Você alguma vez olhou para a bandeira de Okinawa e se perguntou por que ela tem esse formato ou por que ela tem esses círculos maiores e menores?
Se não, essa é a hora para você descobrir! 

Para começar, falarei então da tão simbólica Bandeira de Okinawa, que foi adotada oficialmente no ano de 1972. 
  • O círculo maior representa o OCEANO, que é o que abrange e identifica o arquipélago de Okinawa;
  • O círculo de tamanho médio (na cor branca) enfatiza a PAZ, que é uma das buscas constantes do povo de Okinawa por toda a sua história, principalmente, porque foi o local utilizado como intermédio dos Estados Unidos para se atingir o Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Foi o local onde ocorreu uma das mais violentas batalhas de toda a guerra e que ficou conhecida como "Batalha de Okinawa".
  • O círculo mais central representa o DESENVOLVIMENTO, PROGRESSO que são fatores importantes em qualquer local do mundo.
Assim, em resumo, a bandeira Okinawa simboliza o Oceano, a Paz e o Desenvolvimento.

Agora, outro símbolo que gostaria de destacar é o "Gomon Hidari".

Gomon Hidari
Pode ser conhecido também por Mitsudomoe, Mitsutomoe, Tomoe ou simplesmente Hidari. No Brasil, um grande e famoso exemplo é a calçada no bairro da Liberdade, em São Paulo. 
Se alguma vez já caminhou por lá e se você faz jus ao velho ditado "Olhe por onde anda", acredito que já tenha o visto. Outro exemplo são os "sanshins", nos quais, a maioria dos que conheço possuem na parte ao lado que recobre o couro de cobra, o simbolo do Gomon Hidari. 

Um adendo: Para quem assiste anime, esse símbolo tem certa relação com o “Sharingan” do anime "Naruto", mas se refere ao seu significado existente no Japão, na qual é mais conhecido por “Tomoe”, que remete o Deus do Trovão, chamado Kaminari. De acordo com a lenda, quando há uma tempestade e podem ser ouvidos os trovões é o Kaminari batucando em seus tambores que, além de ser representado como força do trovão, representa a força, em geral. 
Outro adendo: Por simbolizar a força, a grande maioria dos grupos de "taiko" (tambores) do Japão possuem destacados em seus tambores maiores o "Tomoe".  
Sharingan - do anime Naruto

Em Okinawa, é conhecido por simbolizar a lealdade, coragem, altruísmo e orgulho. Adianto que li diversas histórias e  todas com algumas modificações, embora -na maioria- a base fosse a mesma e umas outras mais isoladas que dizia remeter o ciclo da vida, outros sobre três mundos (Céu, Terra e Submundo), por exemplo. No entanto, meu enfoque será sobre a história de três enviados de Okinawa, que foi o que ouvi e li em maior quantidade.
A história diz que numa época de grandes disputas por terra, Okinawa foi derrotada pelo senhor de Kagoshima. Com isso foi imposto ao povo de Okinawa algumas condições: andar desarmado, sem exceção e que, caso fosse encontrado armado, seria executado e a outra condição era a de que pagassem como tributos taxas anuais de arroz. 
Por muitos anos, o acordo foi cumprido havendo fartura de arroz, porém, como obrigação todos andavam desarmados e o "Senhor" de Okinawa vendo seu povo indefeso passou a enviar membros de sua confiança à China para que aprendessem técnicas de lutas sem armas ("Lutas sem armas". . isso te lembra alguma coisa?). É! Foi assim mesmo que começou a surgir a arte marcial conhecida como Karatê, sendo a arma o próprio corpo do lutador. 
O tempo foi passando até que uma grande estiagem em Okinawa fez com que a produção de arroz fosse destruída, gerando grande fome e miséria para o povo okinawano. Devido ao trágico acontecimento, o senhor de Okinawa decidiu enviar uma mensagem ao senhor de Kagoshima relatando a situação e solicitando o não pagamento de tributos naquele ano. 
O mensageiro enviado foi então escoltado por dois guardas de Okinawa e foi recebido pelo senhor de Kagoshima, que ficou indignado com tal solicitação, pois, além que não trazerem o arroz, tiveram a coragem de aparecer à sua frente e fazer esse pedido que ele considerou um grande desrespeito, fazendo-o ordenar que os seus samurais os matassem. Quando os samurais foram capturá-los, os dois guardas de Okinawa os dominaram com suas técnicas de lutas sem armas, o que deixou o senhor de Kagoshima perplexo, pois considerava os seus guerreiros invencíveis. O enviado de Okinawa ainda tentou argumentar com o senhor de Kagoshima explicando que ainda havia muitas pessoas na ilha na miséria e morrendo de fome, tentando fazê-lo compreender o sofrimento na qual estavam passando e que ao menos respeitasse isso, pois, não estavam lutando contra ele, mas sim, pela sobrevivência de seu povo
Após isso, os três enviados foram jogados em um caldeirão de óleo quente e lá giraram, gritaram e se debateram até a morte. (Daí me perguntei, "mas os dois guardas que estavam com o mensageiro não haviam dominado os samurais? Então como eles acabaram sendo jogados no caldeirão? Fica a dúvida. Eu pensei em vários coisas que podem ter acontecido ou que levaram eles a se deixar serem jogados no caldeirão, mas aí, fica aberto para suposições =/ )
Diante dessa cena, o senhor de Kagoshima ficou comovido e se dispôs a dialogar com o representante de Okinawa, que o fez perceber o drama que estava passando aquele povo, aceitando as desculpas pelo não pagamento do tributo como também ordenou que os seus homens levassem arroz para diminuir a fome deles. Em troca disso, solicitou que ensinassem a luta sem armas para os homens de Kagoshima. 
A coragem daqueles guerreiros de Okinawa fizeram com que as relações entre os dois feudos passassem a ser de grande cooperação e amizade.
Gomon Hidari
Depois disso, quando a história dos emissários foi descrita, o senhor de Okinawa mandou elaborar aquele que passou a ser um dos grandes símbolos de Okinawa, o Gomon Hidari.
Que dizem ser os três representantes de okinawa girando dentro do caldeirão.

É isso!

Obrigada e até a próxima!
- Karina Kaori

Referências bibliográficas: